domingo, 2 de dezembro de 2012

REPORTAGEM NEW YORK TIMES

Esta semana, o New York Times publicou uma foto reportagem sobre Portugal, evidenciando famílias pobres de imigrantes a viver em Portugal, mais precisamente na Amadora. Para além disso, mostrava pedintes sem casa, a dormir nas ruas de Lisboa.

Vários comentadores elogiaram a dita reportagem, por, supostamente, saber realçar as debilidades em que o País se encontra.

Mas será que o New York Times fez algo de tão relevante em termos jornalísticos ?

Precisamente na mesma semana em que aquele jornal norte americano fez a reportagem sobre Portugal, editava e publicava uma reportagem sobre o acto heróico de um polícia nova iorquino, que ao interagir com um mendigo, a descansar na soleira de uma porta, e, estando descalço, com temperaturas negativas, motivou o dito agente da autoridade a adquirir-lhe umas meias e botas para o aquecer.

Ora, é no mínimo confragedor, ver alguma imprensa nacional a elogiar a reportagem sobre Portugal, quando o mesmo jornal, e sobre um tema não menos chocante, apenas releva a dita atitude heróica do polícia, não enfatizando a desgraça que também impera sobre cidadãos norte americanos. Basta recordar os milhares de cidadãos americanos que ficaram sem casa, na sequência da crise do imobiliário, e que dormiam, e ainda dormem, em jardins públicos de algumas cidades daquele país.

O provincianismo dos nossos jornalistas em nada fica a dever ao provincianismo daqueles consumidores que adquirem apenas produtos importados, por que se é importado é melhor do que o nacional.

Infelizmente, concluímos, que também sobre o tema da desgraça, a desgraça dos outros é melhor que a nossa (leia-se menos desgraçada), quando são os estrangeiros a comentá-la.

Aliás se a reportagem sobre Portugal peca, é que a situação reportada não é de agora. Há muito que existiem mendigos nas ruas, pessoas sem casa a dormirem na rua, e bairros de lata na Amadora (aliás agora muito menos do que houve há anos atrás).

O anedótico da situação, para não dizer o triste da situação, é que no caso americano o que importou foi realçar o ato heróico do polícia, no caso português apenas o lado dramático das pessoas.

De um jornal que se pretende independente, espera-se, no mínimo, um tratamento idêntico para situações idênticas.

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