quinta-feira, 18 de junho de 2015

A FALÊNCIA DOS ARGUMENTOS DO GOVERNO GREGO

Os governantes gregos têm defendido que as instituições credoras, no passado, cometeram um crime, na medida em que os empréstimos que concederam àquele país não foram desejados nem pretendidos pelos gregos, e levaram à situação atual de insolvência do país.

E nessa medida, os gregos não se sentem obrigados a pagar a dívida contraída pelos anteriores governantes.

Esta tese é tão absurda como contraditória. Isto por que, esses mesmos governantes (atuais) pretendem que os credores (atuais) façam novos empréstimos à Grécia sem que o governo grego implemente as reformas necessárias, por forma a que o país se torne sustentável, e, no futuro, a Grécia possa reembolsar os novos empréstimos necessários ao pagamento atual das reformas, subsídios, salários do estado, investimentos públicos, despesas com a saúde e educação, etc, etc.....

Ou seja, se os credores (atuais) caíssem na ratoeira de emprestar (agora) à Grécia sem primeiro garantirem que o atual governo grego providencie no sentido de dotar a economia com as reformas necessárias a possibilitar que no futuro (daqui a 20 ou 30 anos) o estado grego possa reembolsar os empréstimos atuais, então os credores (atuais) estariam a legitimar a crítica que os atuais governantes fazem relativamente à dívida contraída há 20 ou 30 anos atrás.

Pois bem, o que o governo grego (atual) quer mesmo é o dinheiro dos financiadores para que a demagogia pague as promessas eleitorais que de outra forma não têm capacidade de fazer.

Tanto assim é que algumas das medidas propostas pelos atuais governantes gregos para resolver o défice do Estado (como por exemplo a introdução de medidas anti corrupção, anti fuga de impostos, pagamento de mais impostos pelos contribuintes de maior poder financeiro, implementação de economia digital nos concurso públicos, etc...), ainda não foram iniciadas, 6 meses após a tomada de posse do governo, ainda que tais medidas possam ser consideradas certas e desejáveis em qualquer país do mundo.

Ou seja, aquilo que depende exclusivamente da capacidade dos governantes da Grécia, e que, propagandisticamente, se propõem fazer, e que qualquer economista (a favor ou contra a posição do governo grego) apoia e adere, não foi feito nem iniciado, embora esteja na total disponibilidade dos atuais governantes fazerem, independentemente de haver ou não acordo com os credores.

Mas, esses mesmos governantes gregos, apenas se propõem implementar tais medidas se os credores abrirem os cordões à bolsa sem quaisquer condições.

Ou seja, os governantes gregos só estão disponíveis para fazerem medidas de anti corrupção, maior eficiência do Estado, maior equidade nos impostos, etc., se os credores não colocarem mais entraves ao governo grego.

Esta atitude é reveladora da total incapacidade de governar por parte desta nova elite grega, sendo mesmo sinónimo da vontade de não fazer nada em prol da melhoria do país.

Ou seja, os argumentos do governo grego não servem para justificar a sua intransigência em assinar um acordo com os credores, como serve apenas para confirmar a contradição dos argumentos apresentados para não fazer acordos.

No mínimo, lamentável.