quarta-feira, 16 de outubro de 2013

OS DEFENSORES DE PROPOSTAS ALTERNATIVAS

Desde o início da assinatura do memorando com a Troyka os portugueses já se habituaram a ouvir constantes defensores de alternativas às medidas tomadas. Mesmo dentro dos partidos que fazem parte da coligação houve sempre alguém que assumia publicamente que se estivesse no governo tomaria outras medidas. Mais, que jamais pactuaria com determinadas medidas.

Foi o caso do atual ministro da economia, Pires de Lima, que não se cansou de defender que para ele era insuportável não fazer baixar novamente a taxa de IVA da restauração, por que tal medida ajudaria a manter postos de trabalho. Também o atual vice primeiro ministro, Paulo Portas, que sempre sugeriu que se deveria levantar a voz contra as exigências da Troyka quanto à necessidade de cumprir as metas do défice.

Pois um e outro depressa foram reduzidos à evidência.

Paulo Portas foi bater à porta da Comissão Europeira, do BCE e do FMI para que o défice de 2014 ficasse pelos 4,5%. Veio de lá de mãos a abanar. O défice tem de ser de 4%, manda a Troyka.

Pires de Lima lutou no seio do governo para que a taxa de IVA da restauração voltasse a ser reduzida. Pois bem, a Troyka mandou-lhe ir palitar os dentes para um qualquer restaurante que ainda esteja aberto, pois que a taxa de IVA não desce para ninguém. O ministro apressou-se a dizer que lutou pela medida, mas que a troyka foi inamovível.

Pois é, qual a conclusão que podemos retirar de tudo isto. Lamentavelmente muitos já se esqueceram que pagamos os ordenados dos funcionários públicos e as pensões dos reformados com dinheiro pedido emprestado à Troyka. E enquanto tal situação durar, bem podemos lamentar, choramingar e berrar. Nada vai contra o que a Troyka quer. E ainda bem que assim é.

Em vez de passarmos a vida a lamentarmo-nos e a berrar, mais valia que investíssemos a nossa energia a tentar sair do buraco em que estamos. Leia-se a nossa dependência financeira do exterior.
Enquanto tal não acontecer bem podemos ser lamechas que não nos adianta nada, só atrasa a data para que possamos ser verdadeiramente independentes.

De uma vez por todas é tempo de aprendermos a viver com o que temos. Se queremos ter mais, há que trabalhar para isso. Não é que se trabalhemos pouco, mas temos é que trabalhar para algo que seja valorizado por quem nos adquire os nossos bens e serviços. E para isso temos de ter melhor tecnologia, melhor instrução, maior diferenciação, melhor qualidade, em suma sermos mais competitivos, seja em termos tecnológicos, em termos de custos, em termos de atratividade, seja em termos de qualidade. Há que saber fazer diferente, melhor, de forma inovadora e pretendido pelos outros.

Sem isso não vamos a lado nenhum.