quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

PREÇO DO PETRÓLEO (OPORTUNIDADE OU AMEAÇA)

O preço do petróleo tem vindo a descer de forma sustentável e regular desde maio de 2015, onde se situava nuns estonteantes $70 por barril.

Na primeira semana de janeiro de 2016 o preço do brent (o que serve de referência para as aquisições de Portugal) situou-se em $34 por barril.

De acordo com a Economy Forecast Agency, a previsão de evolução do preço do brent é decrescente, estimando atingir um preço médio de $28 em dezembro de 2016, com uma ligeira recuperação prevista para o ano de 2017, estimando-se fixar num preço médio de $35 por barril, em dezembro de 2017.

Quer isto dizer que os produtores de bens e serviços podem respirar de alívio com a diminuição da fatura da energia (diga-se combustíveis derivados do petróleo), permitindo aumentar a margem de lucro ou, na pior das hipóteses, a redução dos prejuízos.

Contudo, uma tal asserção só se aplica àquelas empresas que têm como mercados de exportação países fora da órbita dos produtores de petróleo.

Pelo contrário, todas aquelas empresas que exportam para países produtores de petróleo, e cujos orçamentos estatais estão altamente dependentes das receitas petrolíferas (ex. Brasil, Angola, Venezuela) estão já a sentir na bolsa a quebra nas vendas para esses mercados.

E isto porque, nos países cujos orçamentos estatais resultam fundamentalmente das receitas petrolíferas, têm vindo a diminuir dificuldades em cumprir com os compromissos anteriormente assumidos, já para não falar na quase extinção na contratação para novos projetos.

Estão nesta situação países como o Brasil, Angola e Venezuela, ainda que em níveis de degradação económica substancialmente diferentes uns dos outros.

De acordo com os especialistas, e até alguns anos atrás, para que a extração de petróleo em águas profundas fosse rentável, dado os elevados custos de extração nestas situações, seria necessário que o peço do petróleo estivesse acima dos $60 por barril, situação longe de acontecer atualmente.

Claro que nos países citados, nem todos os campos petrolíferos se situam em águas profundas, mas esta situação é meramente indicadora das crescentes dificuldades em rentabilizar os investimentos necessários à exploração do petróleo.

Contudo, de acordo com informações recentes (maio de 2015) o custo de extração no pré sal poderá atingir os $9 por barril (entre 1.000 e 2.000 de profundidade da lâmina de água e entre 4.000 e 6.000 metros de profundidade do subsolo num total que pode atingir até os 8.000 metros da superfície do mar), quando a média das principais empresas internacionais, em condições semelhantes, se situa nos $14 por barril.

De todo o modo, mesmo que exista uma redução substancial dos preços de extração do petróleo no pré sal, nada conseguirá evitar uma redução substancial das receitas petrolíferas, e, em consequência disso, uma redução substancial das oportunidades de negócio em países cujas receitas daquela matéria prima significam a parte de leão dos recursos estatais.