quinta-feira, 24 de março de 2016

SEGUNDA CIRCULAR

Há cerca de um mês, assistimos com grande pompa o anúncio de que a CML pretende alterar significativamente o pavimento, acessos, banda central e laterais da segunda circular em Lisboa. Prometem a plantação de árvores, melhor piso e redução substancial de velocidade.

Pois bem, quem circula regularmente naquela via sabe por experiência que na faixa central daquela via, bem como nas laterais, pululam ervas, capim, arbustos, sebes, e muitos mais seres vegetais sem qualquer manutenção e arranjo, numa anarquia digna de uma selva. Para além de que na própria via é comum encontrar restos de viaturas acidentadas, dejetos e outros objetos não identificados, bem como um pavimento deplorável.

Durante anos, a atual e anteriores presidências da CML nada fizeram em prol da manutenção e conservação daquela via, cujos gastos em manutenção e reparação seriam muitíssimos inferiores à projetada megalomania camarária.

Vem tornando-se habitual nesta presidência, bem como na que a precedeu, deixar cair de podre os equipamentos existentes, para depois, com grande pompa, anunciar uma grande revolução.

Questiono-me se uma CML, que durante anos a fio, desde a presidência de António Costa, agora preocupado com outras questões, nada fez para cuidar, manter ou renovar aquela via, depois de gastar os projetados 18 milhões na prometida revolução, vai gastar algum na sua manutenção. É que há políticos, e os há também na CML, que pensam que com o investimento nas grandes revoluções anunciadas, ficam resolvidos os problemas, e esquecem-se que esses mesmos investimentos revolucionários estarão, no futuro próximo, carentes de manutenção.

Veja-se o exemplo dos tão propalados radares espalhados pela cidade. Após a sua avaria quedaram-se uns elefantes silenciosos durante vários anos. Agora, a mesma CML promete recuperar os ditos radares a troco de um investimento de 500 mil euros. Já antevejo que na próxima série de avarias acaba-se de imediato o dinheiro e volta tudo ao mesmo.

A política saloia de querer revolucionar o status quo sem ter a noção da incapacidade financeira para manter essa mesma revolução tem feito deste país um repositório de elefantes brancos.

Muito mais barato e com maior eficácia, e não menos melhor, ficaria a segunda circular se, ao longo dos anos, fossem introduzindo pequenas melhorias e feito a manutenção e reparação necessárias.

Mas como bom político saloio o que fica bem, a um ano de novas eleições autárquicas, é alardear com grandes obras, há que fazer aquilo que de imediato causa mais sensação eleitoralista. Haja pachorra.

Uma CML que se diz tão preocupada com as zonas verdes da cidade deixa desenvolverem-se hortas anárquicas junto aos vários nós rodoviários da cidade, com separadores de contraplacado, contentores para rega e outros utensílios que não passam de dejetos urbanos. A simples plantação de árvores custa muito à CML, mas não me admira nada que daqui a algum tempo venham anunciar uma grande revolução, com custos de milhões, para alterar uma tal situação. É a política do saloio. tenho dinheiro no bolso há que gastar em grande.

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