O Governo tornou público o Plano Nacional de Reformas que pretende implementar ao longo da sua legislatura.
Uma leitura atenta leva concluir que se trata antes de um Plano Nacional de Despesa, porquanto não se destina propriamente a implementar reformas mas antes implementar um conjunto de projetos de despesa, com dinheiro que vai buscar a uma multiplicidade de fontes, desde os fundos comunitários às poucas reservas dos fundos da segurança social para as reformas.
Este Governo, repete a velha receita de despejar dinheiro público e fundos europeus para projetos que escolhe casuisticamente, não cuidando de se preocupar em criar riqueza para o futuro, mas apenas satisfazer a clientela política do presente.
O investimento público, que resulte de financiamento estatal, fundos comunitários ou mais abusivamente do fundo de estabilização da segurança social, a ser utilizado, deve ser, privilegiadamente utilizado em projetos reprodutivos, que proporcionem riqueza futura, e não se esgotem nas obras previstas.
Para além disso, o Governo inclui, no pomposo Plano Nacional de Reformas, medidas que são de governação corrente, e nunca deveriam ser inseridas um plano daquela natureza, o qual, pelo título que ostenta, é suposto constituir uma disrupção face ao que existe.
No entanto, o que grande parte das medidas faz é criar algo de novo, não vem reformar nada.
Quanto ao Simplex, e no que tange à justiça, há muitas medidas que representam apenas melhorias específicas na utilização das diversas plataformas existentes (CITIUS, SITAF, etc). Pelo contrário, nada diz sobre a utilização do CITIUS para o processo penal ao mesmo nível do processo cível.
Nenhuma reforma específica é apresentada. Ou seja, o Estado vai continuar na mesma, apenas com mais funcionalidades nas diversas plataformas eletrónicas, mais serviços, mais despesa, mais fundos disponíveis para quem conseguir cair nas graças do Estado. Ou seja, mais Estado, quando o que precisamos é menos Estado.
Este blog pretende apresentar algumas reflexões sobre a política e economia portuguesa e não só .......
sexta-feira, 22 de abril de 2016
quinta-feira, 24 de março de 2016
SEGUNDA CIRCULAR
Há cerca de um mês, assistimos com grande pompa o anúncio de que a CML pretende alterar significativamente o pavimento, acessos, banda central e laterais da segunda circular em Lisboa. Prometem a plantação de árvores, melhor piso e redução substancial de velocidade.
Pois bem, quem circula regularmente naquela via sabe por experiência que na faixa central daquela via, bem como nas laterais, pululam ervas, capim, arbustos, sebes, e muitos mais seres vegetais sem qualquer manutenção e arranjo, numa anarquia digna de uma selva. Para além de que na própria via é comum encontrar restos de viaturas acidentadas, dejetos e outros objetos não identificados, bem como um pavimento deplorável.
Durante anos, a atual e anteriores presidências da CML nada fizeram em prol da manutenção e conservação daquela via, cujos gastos em manutenção e reparação seriam muitíssimos inferiores à projetada megalomania camarária.
Vem tornando-se habitual nesta presidência, bem como na que a precedeu, deixar cair de podre os equipamentos existentes, para depois, com grande pompa, anunciar uma grande revolução.
Questiono-me se uma CML, que durante anos a fio, desde a presidência de António Costa, agora preocupado com outras questões, nada fez para cuidar, manter ou renovar aquela via, depois de gastar os projetados 18 milhões na prometida revolução, vai gastar algum na sua manutenção. É que há políticos, e os há também na CML, que pensam que com o investimento nas grandes revoluções anunciadas, ficam resolvidos os problemas, e esquecem-se que esses mesmos investimentos revolucionários estarão, no futuro próximo, carentes de manutenção.
Veja-se o exemplo dos tão propalados radares espalhados pela cidade. Após a sua avaria quedaram-se uns elefantes silenciosos durante vários anos. Agora, a mesma CML promete recuperar os ditos radares a troco de um investimento de 500 mil euros. Já antevejo que na próxima série de avarias acaba-se de imediato o dinheiro e volta tudo ao mesmo.
A política saloia de querer revolucionar o status quo sem ter a noção da incapacidade financeira para manter essa mesma revolução tem feito deste país um repositório de elefantes brancos.
Muito mais barato e com maior eficácia, e não menos melhor, ficaria a segunda circular se, ao longo dos anos, fossem introduzindo pequenas melhorias e feito a manutenção e reparação necessárias.
Mas como bom político saloio o que fica bem, a um ano de novas eleições autárquicas, é alardear com grandes obras, há que fazer aquilo que de imediato causa mais sensação eleitoralista. Haja pachorra.
Uma CML que se diz tão preocupada com as zonas verdes da cidade deixa desenvolverem-se hortas anárquicas junto aos vários nós rodoviários da cidade, com separadores de contraplacado, contentores para rega e outros utensílios que não passam de dejetos urbanos. A simples plantação de árvores custa muito à CML, mas não me admira nada que daqui a algum tempo venham anunciar uma grande revolução, com custos de milhões, para alterar uma tal situação. É a política do saloio. tenho dinheiro no bolso há que gastar em grande.
Pois bem, quem circula regularmente naquela via sabe por experiência que na faixa central daquela via, bem como nas laterais, pululam ervas, capim, arbustos, sebes, e muitos mais seres vegetais sem qualquer manutenção e arranjo, numa anarquia digna de uma selva. Para além de que na própria via é comum encontrar restos de viaturas acidentadas, dejetos e outros objetos não identificados, bem como um pavimento deplorável.
Durante anos, a atual e anteriores presidências da CML nada fizeram em prol da manutenção e conservação daquela via, cujos gastos em manutenção e reparação seriam muitíssimos inferiores à projetada megalomania camarária.
Vem tornando-se habitual nesta presidência, bem como na que a precedeu, deixar cair de podre os equipamentos existentes, para depois, com grande pompa, anunciar uma grande revolução.
Questiono-me se uma CML, que durante anos a fio, desde a presidência de António Costa, agora preocupado com outras questões, nada fez para cuidar, manter ou renovar aquela via, depois de gastar os projetados 18 milhões na prometida revolução, vai gastar algum na sua manutenção. É que há políticos, e os há também na CML, que pensam que com o investimento nas grandes revoluções anunciadas, ficam resolvidos os problemas, e esquecem-se que esses mesmos investimentos revolucionários estarão, no futuro próximo, carentes de manutenção.
Veja-se o exemplo dos tão propalados radares espalhados pela cidade. Após a sua avaria quedaram-se uns elefantes silenciosos durante vários anos. Agora, a mesma CML promete recuperar os ditos radares a troco de um investimento de 500 mil euros. Já antevejo que na próxima série de avarias acaba-se de imediato o dinheiro e volta tudo ao mesmo.
A política saloia de querer revolucionar o status quo sem ter a noção da incapacidade financeira para manter essa mesma revolução tem feito deste país um repositório de elefantes brancos.
Muito mais barato e com maior eficácia, e não menos melhor, ficaria a segunda circular se, ao longo dos anos, fossem introduzindo pequenas melhorias e feito a manutenção e reparação necessárias.
Mas como bom político saloio o que fica bem, a um ano de novas eleições autárquicas, é alardear com grandes obras, há que fazer aquilo que de imediato causa mais sensação eleitoralista. Haja pachorra.
Uma CML que se diz tão preocupada com as zonas verdes da cidade deixa desenvolverem-se hortas anárquicas junto aos vários nós rodoviários da cidade, com separadores de contraplacado, contentores para rega e outros utensílios que não passam de dejetos urbanos. A simples plantação de árvores custa muito à CML, mas não me admira nada que daqui a algum tempo venham anunciar uma grande revolução, com custos de milhões, para alterar uma tal situação. É a política do saloio. tenho dinheiro no bolso há que gastar em grande.
quarta-feira, 6 de janeiro de 2016
PREÇO DO PETRÓLEO (OPORTUNIDADE OU AMEAÇA)
O preço do petróleo tem vindo a descer de forma sustentável e regular desde maio de 2015, onde se situava nuns estonteantes $70 por barril.
Na primeira semana de janeiro de 2016 o preço do brent (o que serve de referência para as aquisições de Portugal) situou-se em $34 por barril.
De acordo com a Economy Forecast Agency, a previsão de evolução do preço do brent é decrescente, estimando atingir um preço médio de $28 em dezembro de 2016, com uma ligeira recuperação prevista para o ano de 2017, estimando-se fixar num preço médio de $35 por barril, em dezembro de 2017.
Quer isto dizer que os produtores de bens e serviços podem respirar de alívio com a diminuição da fatura da energia (diga-se combustíveis derivados do petróleo), permitindo aumentar a margem de lucro ou, na pior das hipóteses, a redução dos prejuízos.
Contudo, uma tal asserção só se aplica àquelas empresas que têm como mercados de exportação países fora da órbita dos produtores de petróleo.
Pelo contrário, todas aquelas empresas que exportam para países produtores de petróleo, e cujos orçamentos estatais estão altamente dependentes das receitas petrolíferas (ex. Brasil, Angola, Venezuela) estão já a sentir na bolsa a quebra nas vendas para esses mercados.
E isto porque, nos países cujos orçamentos estatais resultam fundamentalmente das receitas petrolíferas, têm vindo a diminuir dificuldades em cumprir com os compromissos anteriormente assumidos, já para não falar na quase extinção na contratação para novos projetos.
Estão nesta situação países como o Brasil, Angola e Venezuela, ainda que em níveis de degradação económica substancialmente diferentes uns dos outros.
De acordo com os especialistas, e até alguns anos atrás, para que a extração de petróleo em águas profundas fosse rentável, dado os elevados custos de extração nestas situações, seria necessário que o peço do petróleo estivesse acima dos $60 por barril, situação longe de acontecer atualmente.
Claro que nos países citados, nem todos os campos petrolíferos se situam em águas profundas, mas esta situação é meramente indicadora das crescentes dificuldades em rentabilizar os investimentos necessários à exploração do petróleo.
Contudo, de acordo com informações recentes (maio de 2015) o custo de extração no pré sal poderá atingir os $9 por barril (entre 1.000 e 2.000 de profundidade da lâmina de água e entre 4.000 e 6.000 metros de profundidade do subsolo num total que pode atingir até os 8.000 metros da superfície do mar), quando a média das principais empresas internacionais, em condições semelhantes, se situa nos $14 por barril.
De todo o modo, mesmo que exista uma redução substancial dos preços de extração do petróleo no pré sal, nada conseguirá evitar uma redução substancial das receitas petrolíferas, e, em consequência disso, uma redução substancial das oportunidades de negócio em países cujas receitas daquela matéria prima significam a parte de leão dos recursos estatais.
O preço do petróleo tem vindo a descer de forma sustentável e regular desde maio de 2015, onde se situava nuns estonteantes $70 por barril.
Na primeira semana de janeiro de 2016 o preço do brent (o que serve de referência para as aquisições de Portugal) situou-se em $34 por barril.
De acordo com a Economy Forecast Agency, a previsão de evolução do preço do brent é decrescente, estimando atingir um preço médio de $28 em dezembro de 2016, com uma ligeira recuperação prevista para o ano de 2017, estimando-se fixar num preço médio de $35 por barril, em dezembro de 2017.
Quer isto dizer que os produtores de bens e serviços podem respirar de alívio com a diminuição da fatura da energia (diga-se combustíveis derivados do petróleo), permitindo aumentar a margem de lucro ou, na pior das hipóteses, a redução dos prejuízos.
Contudo, uma tal asserção só se aplica àquelas empresas que têm como mercados de exportação países fora da órbita dos produtores de petróleo.
Pelo contrário, todas aquelas empresas que exportam para países produtores de petróleo, e cujos orçamentos estatais estão altamente dependentes das receitas petrolíferas (ex. Brasil, Angola, Venezuela) estão já a sentir na bolsa a quebra nas vendas para esses mercados.
E isto porque, nos países cujos orçamentos estatais resultam fundamentalmente das receitas petrolíferas, têm vindo a diminuir dificuldades em cumprir com os compromissos anteriormente assumidos, já para não falar na quase extinção na contratação para novos projetos.
Estão nesta situação países como o Brasil, Angola e Venezuela, ainda que em níveis de degradação económica substancialmente diferentes uns dos outros.
De acordo com os especialistas, e até alguns anos atrás, para que a extração de petróleo em águas profundas fosse rentável, dado os elevados custos de extração nestas situações, seria necessário que o peço do petróleo estivesse acima dos $60 por barril, situação longe de acontecer atualmente.
Claro que nos países citados, nem todos os campos petrolíferos se situam em águas profundas, mas esta situação é meramente indicadora das crescentes dificuldades em rentabilizar os investimentos necessários à exploração do petróleo.
Contudo, de acordo com informações recentes (maio de 2015) o custo de extração no pré sal poderá atingir os $9 por barril (entre 1.000 e 2.000 de profundidade da lâmina de água e entre 4.000 e 6.000 metros de profundidade do subsolo num total que pode atingir até os 8.000 metros da superfície do mar), quando a média das principais empresas internacionais, em condições semelhantes, se situa nos $14 por barril.
De todo o modo, mesmo que exista uma redução substancial dos preços de extração do petróleo no pré sal, nada conseguirá evitar uma redução substancial das receitas petrolíferas, e, em consequência disso, uma redução substancial das oportunidades de negócio em países cujas receitas daquela matéria prima significam a parte de leão dos recursos estatais.
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