segunda-feira, 20 de maio de 2013

QUAL A TAXA DE JURO COMPATÍVEL COM O DÉFICE PORTUGUÊS

A imprensa escrita de hoje noticiava que o economista Silva Lopes afirmara, na conferência sobre TROYKA Ano II, que Portugal não estava em condições de contratar nova dívida a taxas superiores a 3%, e, por isso, seria incontornável voltarmos à Troyka.

Curioso um tal comentário. Convido os leitores a refletirem quando é que Portugal teve taxa de juros inferiores a 3% ?

Uma consulta à base de dados do sítio da internet  http://www.tradingeconomics.com/portugal/government-bond-yield  permite concluir que, pelo menos desde 30 de junho de 1994, Portugal nunca teve um yield das taxas de juro dos empréstimos a 10 anos inferior a 3%. E admito mesmo que em nenhum anom pós 25 de abril de 1974 isso aconteceu.

Então por que será que só agora Portugal não pode suportar níveis de taxa de juro de 3% ?

Necessariamente só resta uma resposta. O nível absoluto e relativo que atingiu a dívida pública portuguesa.

Mas para resolver tão grave situação só através do aumento da receita total e/ou redução de outro tipo de despesa pública. É por isso que a luta travada na contenção da despesa pública é tão importante.

Contendo a despesa pública em níveis suficientementes controlados e abrindo caminho a um crescimento da receita, via crescimento do produto nacional, só assim poderemos almejar a resolver tão difícil equação.

Mas haverá sempre alguém que dirá: "Porque não negociarmos o não pagamento da dívida ou mesmo assumirmos o tão famigerado NÃO PAGAMOS ?- Resolveríamos desde logo o problema...", diriam os visionários.

Pois é. O problema é que o perdão ou incumprimento unilateral do pagamento da dívida seria uma solução fictícia. Pois caso não reduzissemos a despesa pública (e o consequente défice orçamental) muito em breve estaríamos na mesma situação. Mantínhamos o mesmo nível de despesa pública, o mesmo défice, e para sustentar o défice contrataríamos nova dívida (isso se nos emprestassem mais dinheiro - o que é altamente duvidoso) . Não passaria muitos anos para estarmos outra vez com o mesmo problema.

É esta pescadinha de rabo na boca que é imperioso resolver. E para isso não é possível dissociarmo-nos de 2 vetores incontornáveis:
1) reduzir ou mesmo eliminar o défice orçamental
2) proporcionar o crescimento económico.

Quanto mais depresa controlarmos o défice e lançarmos as bases do crescimento económico, mais depressa nos afastamos do risco de uma TROYKA II.

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